25 de fevereiro de 2012
Levando as minhas malas pro carro pra viagem do feriado, bem na frente da minha garagem, vi uma mãe e uma filha andando em direção à portaria do condomínio. Com uma mala numa das mãos e um travesseiro na outra, a filha se despediu da mãe, que parou no meio do caminho enquanto via a moça de vinte e tantos anos se distanciar aos pouquinhos.
- Quando chegar, me liga !
- Tá, tá, mas eu acho que não vai ter sinal ! - veio a resposta despreocupada.
A mãe, que continuava parada no meio da rua, na minha frente, por um segundo tirou os olhos da viajante e tomou o caminho contrário, de volta pra casa. Só dois passos, e deu meia-volta, como se tivesse esquecido de algo. Verificou se a filha não podia vê-la e, de olhos fechados, juntou as mãos na frente do rosto, cobrindo a grande parte da boca que murmurava uma oração, como se sentisse vergonha de que ouvissem as preocupações de uma mãe-coruja. Tão rápido quanto durou a oração, ela entrou em casa.
Mas acho que a prece, tão pura que parecia, acabou por escapar pelos cantos da boca, porque senti chegarem em mim, ameaçando plantar um pouquinho de fé nesse cérebro agnóstico. E parece que deu certo. Quando dei por mim, estava sorrindo, improvisando um sinal da cruz, e pensando com meu cérebro-agora-menos-agnóstico se os pedidos daquela mãe chegariam a alguém.
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